Introdução

Estes contos, recolhidos por Bárbara Galvão nos concelhos de Lagos e Vila do Bispo, foram-lhe contados como tendo ocorrido na Quinta das Alagoas e em diferentes locais da região de Lagos, de Vila do Bispo e da Serra de Monchique, revestindo os lugares de um imaginário de afetos, complementar do seu património.
Nestas narrativas diverte-nos o humor, a forma criativa de contar e o desenrolar das histórias, integradoras das diferenças, sejam elas de ordem cultural, religiosa, ou de características físicas. Refletem a multiculturalidade, que tem raízes históricas profundas no barlavento algarvio e são particularmente interessantes nos tempos que correm, porque são exemplos de cidadania e inclusão e assim se associam à celebração de 2021 como Ano Internacional da Paz e Confiança, como aprovado pelas Nações Unidas.

A Lupa Design decidiu abraçar este projeto, publicando o livro Contos da Quinta das Alagoas, como uma contribuição para o registo e divulgação da literatura de tradição oral do Barlavento Algarvio, em particular dos concelhos de Lagos e Vila do Bispo.

Enquadramento

No seguimento da linha editorial que a Lupa Design tem vindo a desenvolver, pretendemos agora abordar, com esta nova publicação, a temática dos contos e lendas de tradição oral. Considerando a sua importância na formação da identidade cultural popular e a sua atualidade para a cidadania e inclusão, importa divulgar e preservar este enorme capital cultural. Propomo-nos com esta edição dar uma pequena contribuição para a divulgação e preservação deste imaginário coletivo.

Problemática

As atividades agrícolas coletivas que outrora se faziam na região convidavam ao convívio popular nos finais de tarde e princípio das noites nas eiras e almeixares e favoreciam a tradição da transmissão oral de contos, lendas e outras histórias entre a família e os vizinhos.
A profunda alteração social que vivemos entre meados do século passado e os dias de hoje com o desenvolvimento turístico, provocou uma alteração dos modos de vida tradicionais. À medida que os mais velhos desaparecem, perdem-se culturas e saberes ancestrais que vão desde técnicas artesanais aos mitos, contos e lendas.
A conservação dessas culturas e saberes é um dever das comunidades locais, não só pelo papel relevante que desempenham na formação da identidade cultural local, como pela base de sustentação que fornecem à promoção regional.
Por outro lado, a leitura destes contos revela a sua grande atualidade como exemplo de integração na comunidade da diversidade cultural e religiosa.

Objetivos

Para além da preservação da memória cultural já referida, considera-se particularmente importante fomentar a cidadania e inclusão, no contexto de uma sociedade de diversidade cultural.
Pretende-se valorizar a riqueza e sageza da tradição oral, onde reside uma linguagem fortemente simbólica e poética, acessível a leitores de todas as idades. Na aventura estética proposta e através dos contos selecionados, somos conduzidos pelo encantamento e pelo maravilhoso que se constituem em estímulos para cultivar a tolerância, a descoberta do outro e a aceitação das diferenças